quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Fundações: Capítulo 30 Fundação de Sória



Pistas de leitura
A fundação de Sória é, sem dúvida, a mais fácil de todas; por isso, encontram-se na narração mais elogios aos bons e grandes colaboradores, que o Senhor lhe pôs pelo meio, do que pormenores da mesma.


Devem-se aos dois principais benfeitores a rápida decisão em ir realizá-la (1-4). Também ao primeiro deles deve a Santa uma viagem tão cómoda que quase não tem que contar, e aproveita para elogiar agora um dos seus acompanhantes desde Palência (5-7). Igualmente fácil é a chegada à cidade e a realização da fundação, e de novo se detém “em dizer bem deste santo” que era o seu principal colaborador (8-11). Só a viagem de regresso a Ávila se processou de modo complicado, “mas esta fundação foi tão sem trabalhos, que deste não se há-de fazer caso” (12-14). 


Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar… 

1. Desde o começo da leitura aparece claro o protagonismo e a qualidade do Bispo de Sória, seu amigo e antigo confessor, o Dr. Velázquez. A Santa destaca com que interesse e dedicação a atendeu em Toledo, pospondo as suas muitas ocupações (1). Disponibilidade e generosidade preciosas (pois ela não podia remunerar-lhe o tempo que lhe dedicava): - são habituais no teu ambiente eclesial? E em ti? Agradece, suplica e intercede… 

2. Recorda as razões que levavam a Santa a confiar no conselho do Dr. Velázquez (1, final). – São as mesmas que costumas procurar? Encontra-las? Cultiva-las?… 

3. – Que te faz pensar e rezar a seguinte confidência da Santa que, além de ser boa fundação, vai a Sória porque “ tinha desejo de comunicar-lhe algumas coisas da minha alma e de o ver, pois afeiçoara-me muito a ele pelo bem que me fizera” (2; cf. Vida 40,19; 37,5). 

4. Este santo Bispo será quem convença a boa da fundadora, D. Beatriz, para que faça um mosteiro de carmelitas descalças. Como sempre, o elogio que Teresa faz das virtudes de alguma pessoa, serve-nos para nos compararmos, reflectirmos… Destaca, sem dúvida, a sua generosidade. Mas não devemos passar por alto o primeiro elogio que lhe faz: sendo de tão alta linhagem (3), é alguém de temperamento muito doce (isto é, nada arrogante, nem soberba, nem intrometida, como era próprio da sua categoria social) e penitente (4). 

5. Embora este texto teresiano não o revele, porque se escreveu antes, D. Beatriz ingressará, em 1588, no Carmelo de Pamplona (que também tinha ajudado a fundar), aos 65 anos de idade; seria ainda carmelita durante 12 anos. – Qual a tua opinião sobre a admissão de uma pessoa já de certa idade? – Quais os motivos que poderiam justificá-la? 

6. O companheiro de caminho, de quem já falámos, a quem dedica também bons elogios, é o P. Nicolau Dória. Uma vez mais, reparando no que louva nele, serve-nos para conhecermos aquilo a que a Santa dá valor e confrontá-lo com as nossas vidas… Mas, como já lhe aconteceu com outras pessoas, neste mesmo livro (cf. 10,7-11; 17,5-12; 20,2-14; 25-4-5), os louvores que aqui lhe dedica, aparecem desmentidos com o tempo: às vezes, de maneira não muito escandalosa, mas outras, todo o contrário, como parece ser o caso de Dória, que acabou enfrentando e perseguindo os grandes amigos e herdeiros da Santa (Graciano, Maria de São José, Ana de Jesus). – É fácil para ti assumires isto, ou ficas confundido/a? – Choca com alguma ideia tua sobre a santidade de Teresa e o seu discernimento de espíritos e conhecimento das pessoas? – Se não o achas incoerente com a sua santidade e vida mística, saberias explicá-lo a alguém que o considerasse incoerente? 

7. Quando chegaram a Sória, diz que “o santo Bispo estava a uma janela da sua casa e, quando passámos, lançou-nos a sua bênção. Não foi pequena a minha alegria, porque a bênção de um prelado, e dum prelado santo, é digna de todo o apreço” (7). – Achas que isto poderia supor uma distinção entre bênçãos de maior e menor qualidade? 

8. Quando alude à fundação do novo convento, novamente se desfaz em exaltar as virtudes do Senhor Bispo: prestemos atenção a elas, porque são muito interessantes e úteis para o que estamos a trabalhar e a trabalhar-nos com estes textos (9-10). 

9. Se bem que, ao longo do livro, não se detenha em descrever a precaridade e o perigo das viagens naquele tempo, fá-lo um pouco no final deste capítulo (13): reparemos, confrontemos com as nossas situações e disponibilidades; agradeçamos e oremos por tantos missionários que vivem fatos parecidos por amor do Senhor e dos irmãos. 

10. E, não obstante o anterior, “nunca Deus me dá trabalhos que não mos pague logo” (14), por exemplo, com presentes como os que lhe fizeram as monjas de Segóvia depois deste duro caminho. – Compartes esta ideia e experiência? – Costumas inculcá-la noutros? Mais com palavras do que com obras, ou com um justo equilíbrio entre ambas?…



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