Pistas de leitura
A fundação de Sória é, sem dúvida, a mais fácil de todas; por isso,
encontram-se na narração mais elogios aos bons e grandes colaboradores, que o
Senhor lhe pôs pelo meio, do que pormenores da mesma.
Devem-se aos dois principais benfeitores a rápida decisão em
ir realizá-la (1-4). Também ao primeiro deles deve a Santa uma viagem tão
cómoda que quase não tem que contar, e aproveita para elogiar agora um dos seus
acompanhantes desde Palência (5-7). Igualmente fácil é a chegada à cidade e a
realização da fundação, e de novo se detém “em dizer bem deste santo” que era o
seu principal colaborador (8-11). Só a viagem de regresso a Ávila se processou
de modo complicado, “mas esta fundação foi tão sem trabalhos, que deste não se
há-de fazer caso” (12-14).
Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. Desde o começo da leitura aparece claro o protagonismo e a qualidade do
Bispo de Sória, seu amigo e antigo confessor, o Dr. Velázquez. A Santa destaca
com que interesse e dedicação a atendeu em Toledo, pospondo as suas muitas
ocupações (1). Disponibilidade e generosidade preciosas (pois ela não podia
remunerar-lhe o tempo que lhe dedicava): - são habituais no teu ambiente
eclesial? E em ti? Agradece, suplica e intercede…
2. Recorda as razões que levavam a Santa a confiar no conselho do Dr. Velázquez
(1, final). – São as mesmas que costumas procurar? Encontra-las? Cultiva-las?…
3. – Que te faz pensar e rezar a seguinte confidência da Santa que, além de ser
boa fundação, vai a Sória porque “ tinha desejo de comunicar-lhe algumas coisas
da minha alma e de o ver, pois afeiçoara-me muito a ele pelo bem que me fizera”
(2; cf. Vida 40,19; 37,5).
4. Este santo Bispo será quem convença a boa da fundadora, D. Beatriz, para que
faça um mosteiro de carmelitas descalças. Como sempre, o elogio que Teresa faz
das virtudes de alguma pessoa, serve-nos para nos compararmos, reflectirmos…
Destaca, sem dúvida, a sua generosidade. Mas não devemos passar por alto o
primeiro elogio que lhe faz: sendo de tão alta linhagem (3), é alguém de
temperamento muito doce (isto é, nada arrogante, nem soberba, nem intrometida,
como era próprio da sua categoria social) e penitente (4).
5. Embora este texto teresiano não o revele, porque se escreveu antes, D.
Beatriz ingressará, em 1588, no Carmelo de Pamplona (que também tinha ajudado a
fundar), aos 65 anos de idade; seria ainda carmelita durante 12 anos. – Qual a
tua opinião sobre a admissão de uma pessoa já de certa idade? – Quais os
motivos que poderiam justificá-la?
6. O companheiro de caminho, de quem já falámos, a quem dedica também bons
elogios, é o P. Nicolau Dória. Uma vez mais, reparando no que louva nele,
serve-nos para conhecermos aquilo a que a Santa dá valor e confrontá-lo com as
nossas vidas… Mas, como já lhe aconteceu com outras pessoas, neste mesmo livro
(cf. 10,7-11; 17,5-12; 20,2-14; 25-4-5), os louvores que aqui lhe dedica,
aparecem desmentidos com o tempo: às vezes, de maneira não muito escandalosa,
mas outras, todo o contrário, como parece ser o caso de Dória, que acabou
enfrentando e perseguindo os grandes amigos e herdeiros da Santa (Graciano,
Maria de São José, Ana de Jesus). – É fácil para ti assumires isto, ou ficas
confundido/a? – Choca com alguma ideia tua sobre a santidade de Teresa e o seu
discernimento de espíritos e conhecimento das pessoas? – Se não o achas
incoerente com a sua santidade e vida mística, saberias explicá-lo a alguém que
o considerasse incoerente?
7. Quando chegaram a Sória, diz que “o santo Bispo estava a uma janela da sua casa e, quando passámos, lançou-nos a sua bênção. Não foi pequena a minha alegria, porque a bênção de um prelado, e dum prelado santo, é digna de todo o apreço” (7). – Achas que isto poderia supor uma distinção entre bênçãos de maior e menor qualidade?
8. Quando alude à fundação do novo convento, novamente se desfaz em exaltar as
virtudes do Senhor Bispo: prestemos atenção a elas, porque são muito
interessantes e úteis para o que estamos a trabalhar e a trabalhar-nos com
estes textos (9-10).
9. Se bem que, ao longo do livro, não se detenha em descrever a precaridade e o
perigo das viagens naquele tempo, fá-lo um pouco no final deste capítulo (13):
reparemos, confrontemos com as nossas situações e disponibilidades; agradeçamos
e oremos por tantos missionários que vivem fatos parecidos por amor do Senhor
e dos irmãos.
10. E, não obstante o anterior, “nunca Deus me dá trabalhos que não mos pague
logo” (14), por exemplo, com presentes como os que lhe fizeram as monjas de
Segóvia depois deste duro caminho. – Compartes esta ideia e experiência? –
Costumas inculcá-la noutros? Mais com palavras do que com obras, ou com um
justo equilíbrio entre ambas?…
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