quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ficha de Trabalho: Caminho 10-11

Ficha de Trabalho: Caminho 10-11

ImageCaminho 10-11: Requisitos para ser contemplativas: Humildade I.

Pistas de leitura.
Começa a tratar daquela “humildade, que embora a diga no fim, é a principal [virtude] e abrange- as a todas” (4,4). Após uma introdução geral (10,1-4), acomete “o primeiro que temos de procurar” (10,5): de que se trata?, que recomenda para isso: penitências, meditação, exercício…?

Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. O objectivo fica claro desde o princípio: desapegar-nos de nós mesmos, contrariar em tudo a nossa vontade, para ser livres de espírito (10,1; 11,5; 12,1-3; 15,7). Já convidámos a atender a isto na última questão da segunda ficha e evidentemente nestes capítulos continuaremos a aprofundar, mas não está mal recordar desde o principio: significa algo para mim contrariar a própria vontade ou parece-me demasiado perigoso ou antiquado…? Boas e más experiências a esse respeito?...

2. “Grande remédio é para isto trazer muito de contínuo no pensamento a vaidade que tudo é e quão depressa se acaba (…) embora pareça fraco meio” (10,2). “E pensando que cada hora é a última, quem não há-de trabalhar?” (12,2). Esta ideia já a conhecemos (cf. “Vida” Ficha 1, questão 3), mas podemos agora voltar a ela.

3. Outro texto em que devemos deter-nos: “Estas virtudes [humildade e desapego] têm tal propriedade, que se escondem de quem as possui, de maneira que nunca as vê nem acaba de crer que tem alguma, embora lho digam; mas tem-nas tanto, que sempre anda procurando tê-las…” (10,4).

4. E outro: “achando-as [humildade e mortificação] achareis o maná; todas as coisas saber-vos-ão bem; por mau sabor que tenham ao gosto do mundo, se vos farão doces” (10,4); cf. Rm 8,28.

5. À hora de concretizar, é obvio que a santa Madre começa a tratar de liberdade de espírito pelo corpo, não por ser rigorista1, mas porque sabe que a vontade tem uma perigosa artimanha no círculo vicioso das necessidades corporais (cf. 11,2). Por isso, a primeira coisa que recomenda, junto com a guarda das coisas mais simples (silêncio, assistência ao coro), é exercitar-se em algo tão quotidiano como a atitude nas doenças não graves ou “males leves” (11,1). Certamente muitos de nós sorrimos com ironias como “algumas monjas parece que não viemos ao convento para outra coisa, senão a procurar não morrer” (10,5) ou as do final de esse mesmo parágrafo ou os exemplos do seguinte (10,6: mais incisivo ainda em CE). Mas é claro que também pode dar-nos que pensar, rever, orar… (Cf. V 13,7; 24,2; F 7,5).

6. O certo é que depois de ridicularizar ‘as queixinhas’, sublinha: [a] se há necessidade de cuidados, “seria muito pior não o dizer, que tomá-lo sem ela, [b] e muito mau se não se compadecessem de vós” (11,1), especialmente as prioresas: estejam atentas para não faltar à caridade e não se tornarem incrédulas a respeito das necessidades das irmãs! (10,7; 11,4) 2. Portanto, posso estar a ser pouco humilde ao não solicitar uma ajuda necessária? Não serei mais incómodo a curto ou médio prazo do que se atendesse agora certas necessidades pessoais? Se sou prior ou responsável, estou solícito…? Também tem lugar aqui evidentemente a oração: agradecimento perante atenções recebidas, petição de luz à hora de acompanhar, súplica se temos carências importantes…

7. Entre as motivações das quais se serve, há algumas bem clássicas (“lembremo-nos dos nossos antigos santos Padres eremitas”: 11,4) e outras quiçá mais surpreendentes, como pôr como referência para as suas monjas a vida dos leigos (cf. 11,3): conheces, respeitas as demais vocações eclesiásticas e inclusive as rotinas diárias de tanta gente, embora não seja cristã? Serviu-te de estímulo ou lição como aqui à santa Madre?... Pensa, revê, ora…



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1. “Em demasiadas penitências já sabeis vos dou para trás, porque podem causar dano à saúde, se são sem discrição” (15,3; cf. 10,6).

2. Portanto, não interpretar mal a exortação da santa madre a tragar o medo à morte e à falta de saúde (11,4-5).

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