quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Uma mulher atraente e atraída, forte e vulnerável

Santa Teresa, fundadora

Uma mulher atraente e atraída, forte e vulnerável

retirado do site:

http://www.carmelo.com.br/default.asp?pag=p000051




Teresa de Cepeda e Ahumada veio à luz em 28 de março de 1515, filha dos piedosos pais Alonso Sánchez de Cepeda e Beatriz Dávila y Ahumada. As primeiras provas de seu fervor religioso herdado dos pais foram a sua fuga de casa para morrer mártir nas terras dos mouros e sua meditação sobre a eternidade. A piedade da infância decairá na adolescência, dando lugar às preferências de toda jovem pelos encantos das relações humanas e dos atrativos mulheris, influenciada pelos devaneios dos romances de cavalaria. Desde cedo pôde constatar sua força atrativa e sua capacidade de liderança, comandando as brincadeiras e centralizando os círculos e as conversas.

Sabia, inteligentemente, ser atraente, utilizando-se de sua simpatia, que ela traduz como desejo de agradar a todos, e teve como mestra neste aprendizado uma parenta de sua idade. Aprendeu a arte da sedução.


À proteção da Santíssima Virgem colocou-se, quando perdeu a mãe, em 1529. Certo de que Maria a protegeria, continuou envolvida em seus passatempos. Preocupado, seu pai resolveu interná-la no mosteiro das monjas agostinianas de Ávila, em 1531. A solidão obrigou-a a encontrar-se consigo mesma. O monólogo é o primeiro passo para um diálogo frutífero. Além da solidão, oportuna companhia, o contato com religiosas sérias abriram-lhe o espírito às dimensões divinas até então encobertas. O desejo de fazer-se consagrada a Deus nasceu-lhe, pela primeira vez. Nem todos se tocam pela própria insatisfação existencial. Isistem em perseguir o mesmo caminho, rumo às mesmas paredes. Teresa descobre a porta ampla. O horizonte que vislumbra do lado de lá, porém, é tão longínquo e misterioso que os efeitos imediatos sentem-se no corpo. Ela somatisa a crise. Enferma volta para casa, quem sabe para tentar recuperar o fio perdido da sua vida, a liga que se rompera em seu espírito. Melhor, fisicamente, vai a Castelhanos de la Cañada, casa de sua irmã mais velha, onde permanece 7 meses. De volta à casa paterna assume, entre 1533 e 1536, a direção de tudo, como mãe e senhora, mulher amadurecida. Em 1536 não consegue segurar-se. Convencendo seu irmão Antônio, fogem de casa. Ela bate no Carmelo da Encarnação, ele na porta dos dominicanos. No Carmelo inicia uma nova vida. Aos poucos vai percebendo que de atraente deve ceder, até ser atraída por Ele, e sua aparente força deu lugar à sua real vulnerabilidade, porta por onde o Cristo entrou em sua vida.


Teresa recebeu o hábito carmelitano em 2 de novembro de 1536 e professou no dia 3 do mesmo mês de 1537, aos 22 anos. Pouco tempo depois de sua profissão, um pouco por causa da nova forma de vida e das graves penitências que se impôs sobre si mesma, e muito pelo drama interior iniciado, ficou gravemente enferma e teve que abandonar temporariamente o mosteiro. A princípios de 1538 mudou-se para um lugar chamado Becedas e depois de alguns meses voltou ao mosteiro, não só com a saúde fraca, mas meio morta e totalmente paralisada. Pouco a pouco ficou restabelecida graças à intercessão de S. José, cuja devoção era popular na Espanha e que se fortalecerá em Teresa desde então.


Sua saúde física restabelecia-se na mesma proporção em que seu espírito se debilitava. Sente-se tíbia até 1553, quando a leitura das confissões de Santo Agostinho e o fatal encontro com uma imagem do Cristo atado à coluna em um dos corredores do mosteiro, tocam-na profundamente e resolvem-lhe o impasse interior. Ela vê nesta experiência sua própria e definitiva conversão (V.9). Este foi o momento em que iniciou seu vôo para as alturas da união com Deus, que se traduziu numa entrega incondicional e valente ao serviço de Deus, que a cumulou de inumeráveis favores e graças. O incremento destes bens foi tão grande e rápido, diz o Pe. Silvério, que em menos de 5 anos havia passado por quase todos os graus do amor e da contemplação infusa, culminando, em 1559, na visita de um querubim que lhe transpassou o coração com um dardo ardente, ferindo-a de amor. Em 1560 comprometeu-se em procurar e fazer sempre o mais perfeito. Inundada da presença transformante de Deus, e diante de tantos fenômenos e graças espirituais, Teresa perturba-se, e busca o auxílio de doutos e santos, que a acalmam e a ajudam a entender o lado humanamente estranho da Graça.


O itinerário místico que Santa Teresa percorre no Carmelo da Encarnação chega à sua natural consequência no desejo de ver a Deus e gozar de sua glória. É este um passo comum nas biografias místicas de relevo. Aos Filipenses São Paulo dirá: "Para mim, de fato, o viver é Cristo e o morrer um ganho" (Fil.1,21). São João da Cruz exprime a ânsia pela glória em sua obra “Chama viva de amor” em que a amada expressa sua incontrolável vontade de que a tela do doce encontro com o amado se rompa. Santa Teresa experimenta a mesma coisa. "Ansiosa de ver-Te, desejo morrer", repete o refrão de um poema seu, entre outros que expressam a mesma realidade. Sua definitiva conversão e o encontro com o Cristo não poderia que suscitar nela o desejo de que tudo acabasse, fazendo com que o normal medo da morte transformasse no medo de não morrer (c. V.29,8 e 10). Todavia àquele que vive em Cristo e experimenta, até o sofrimento, que o tempo se faz breve, acontece-lhe de viver em uma estranha dilatação do próprio tempo.


Para o P. Antônio Sicari, Santa Teresa, em seu caminho espiritual, passou da tensão escatológica à tensão encarnatória. Querendo morrer para viver em Cristo, amadurece ao ponto de viver para Cristo, sendo-lhe um prolongamento de humanidade, servindo-Lhe e fazendo-lhe em tudo Sua Vontade. O amadurecimento espiritual verifica-se quando não lhe interessa mais nem o medo do inferno em que poderá cair, nem o desejo do céu que o Cristo lhe pode dar, mas amá-lo em tudo, viver por Ele e por Ele morrer. É neste sentido que se deve entender o dilema colocado por ela: padecer ou morrer por Cristo.


Como a ressurreição assinala o fim do mundo, a encarnação e a paixão de Cristo prolongam-se no seu corpo eclesial. O instinto escatológico de Teresa deve fazer as contas com a encarnação eclesial.


É este o itinerário narrado no na Vida e nas Relações. O desejo da morte só pode ser aplacado por aquele de sofrer por Ele (cf. V.40,20; R.1,3).


Eventos como a visão do inferno, as notícias da Igreja dilascerada pelo movimento protestante e as missões além-mar no novo mundo descoberto, e outros fatores interiores, levaram Santa Teresa, inspirada continuamente por Cristo, a idealizar um mosteiro onde poucas monjas vivessem ao máximo sua doação ao Senhor, pela Igreja. Ela empenha-se em construí-lo, não sem penas.


O mosteiro, dedicado ao glorioso São José, foi inaugurado no dia 24 de agosto de 1562. Pela manhã uma sineta surda, porém alegre, anunciou aos habitantes de Ávila o nascimento da Reforma Teresiana. Radiantes de felicidade tomaram o hábito de descalças as quatro noviças escolhidas por Santa Teresa: Antônia de Henao (do Espírito Santo), filha espiritual de S. Pedro de Alcântara; Maria de la Paz (da Cruz), criada de D. Guiomar de Ulloa; Ursula de Sevilla (dos Santos), filha espiritual de Gaspar Daza, e Maria de Ávila (de S. José), irmã de Julião de Ávila. O Padre Gaspar Daza celebrou a Santa Missa e depôs no sacrário o SS. Sacramento. Este foi o primeiro de uma enxurrada de mosteiros que ela fundou até o fim de sua vida (17 ao todo), num movimento ainda vivíssimo nos dias de hoje.

Teresa, uma reformadora diferente


Quase todas as reformas das Ordens religiosas nascem, naquele tempo, dos sofrimentos dos reformadores pelas cativas condições e pela vulgarização de experiências que se quer conduzir ao esplendor primitivo. Também Teresa reagiu a uma determinada situação de falha. Mas tal reação foi nela absolutamente secundária na ordem das motivações.


A santa documenta candidamente algumas de suas reações que são absolutamente atípicas para um reformador: “Eu não sabia resolver... porque era contente onde estava, o mosteiro me agradava e havia uma cela ao meu gosto” (V32.10; cf. 32,12). Alguém que se colocasse com mandato divino para colocar ordem nas desordens das Ordens, jamais falaria assim. Não há traços nela de um descontentamento insustentável no andamento das coisas, nem daquela típica insatisfação pelo ambiente ou daquele desejo de excepcional austeridade que estão à base dramática de muitas tentativas de reforma religiosa no século XVI.


Do seu velho mosteiro a Santa tece grandes elogios (cf. V.7,3). Nesta linha devemos entender também a resposta que ela dá em 1581 ao pedido de uma monja que quer fazer parte de seu mosteiro, alegando vida regalada no mosteiro onde estava. Ela não a aceita, por razões jurídicas, e diz que ela pode, e diríamos deveria, ser boa onde está: “Antes de se fundarem estes mosteiros, passei vinte e cinco anos num onde havia cento e oitenta monjas. E, por escrever às pressas, só direi: a quem ama a Deus tudo lhe servirá de cruz e de proveito para a alma. Nada lhe fará mal se andar de sobreaviso, considerando que só Deus e vossa mercê estão nessa casa; e, enquanto não tiver ofício que a obrigue a olhar as coisas, nada se lhe dê de nenhuma delas. Procure antes imitar a virtude que vir em cada Irmã, a fim de mais amá-la e tornar-se melhor, descuidando-se das faltas que nela vir. Isto me aproveitou tanto, que, sendo tão numerosas como disse, não me distraíam mais do que se nenhuma houvesse, antes me eram de proveito. Porque, enfim, senhora minha, em toda parte podemos amar a este grande Deus. Bendito seja Ele, que não há quem nisto nos possa estorvar.” (Carta abril de 1581). Teresa mesma dirá de si que, malgrado tudo, fazia um grande bem em torno (V.32,9). A quantos lamentavam que levava muitas monjas da Encarnação para suas fundações ela respondia que restavam ainda mais de quarenta que poderiam fundar uma nova vida religiosa.


Se de um lado é óbvio que no seu novo mosteiro Teresa buscará cortar os abusos que encontrou na vida carmelitana do seu tempo, e que causaram danos inclusive nela, do outro lado não é igualmente óbvio dizer que esta intenção reformista tenha motivado o nascimento do novo Carmelo.


A opinião geral é a de que Santa Teresa nunca pensou na fundação de uma nova Ordem religiosa, nem sequer pretendeu reformar toda a Ordem do Carmelo como tal. A origem da sua intenção reformadora não vai além do âmbito de seus íntimos desejos de conseguir a própria perfeição e de ajudar a Igreja e as almas, cumprindo fielmente sua vocação.


A Santa não desconhece o concreto, porém não se exaspera diante dele. No livro da Vida estigmatizará com palavras enérgicas o relaxamento dos mosteiros (V.7,5). Tornará sobre o tema com expressões duras no Caminho (cap.12-14). Anos mais tarde, por ocasião de sua peregrinação através da Castilha e das províncias andaluzes, conhecerá algo do desenfreio de certos eclesiásticos (cf. Carta ao Padre Geral J. B. Rubeo, em 18 de Junho de 1575) e sentirá muito, contudo isto nem a escandalizará nem a estimulará a fazer algo para concertar o que está errado. Santa Madre é prática. Os males da Igreja e os perigos que ela corre na sua missão levam-na a fazer “esse pouquinho que posso”, como diria. E o que está ao seu alcance e o que se converteria em seu ideal é seguir os conselhos evangélicos com toda perfeição, juntamente com outras que quisessem segui-la (cf. C. Val.1,1-3), vivendo em plenitude o espírito original do Carmelo tal como ela havia chegado a vislumbrar, com sua marca eminentemente contemplativa, cujo valor evangélico e eclesial supôs compreender com profundidade inigualável, como o compreenderia também frei João da Cruz.


A Santa se limitará a criar um novo estilo de vida em que a realização de seu ideal seja mais facilmente exeqüível, sem que lhe passe nunca pelas mentes a idéia de impô-lo de algum modo a suas irmãs e irmãos de hábito, como advertia o P. José de Jesus Crucificado, para quem "a reforma de Santa Teresa não surgiu como uma espécie de rebeldia, contra a Ordem antiga do Carmelo, nem como uma intenção prévia de reformá-la enquanto tal, já que nem a Santa Teresa – que foi sempre filha fiel e amantíssima de sua Ordem – passou-lhe pelo pensamento semelhante idéia, nem o velho tronco da Ordem, de cuja seiva nutriu em boa parte seu espírito, convertendo-o em vida própria, sofreu alteração alguma de caráter jurídico, disciplinar ou espiritual por causa da Reforma ou por sua influência. Esta surgiu impulsionada por motivos e circunstâncias em parte pessoais e em parte ambientais e sociais, em consonância com o momento histórico e com as peculiares necessidades do tempo, como um movimento novo e vigoroso, destinado, não já a reformar a Ordem do Carmo enquanto tal, senão a instaurar na Igreja uma corrente de vida espiritual profunda e fecunda, que trouxesse um remédio eficaz àquelas necessidades e fosse, ao mesmo tempo, um instrumento eficiente de apostolado ao serviço da Igreja.


É de se notar que este movimento se inicia e desenvolve, não a despeito nem contra a Ordem em cujo seio se produz, senão favorecido e protegido por ela, já que não outra coisa significava, na realidade, senão uma nova e mais eficaz tentativa de melhoramento espiritual, em harmonia tanto com as diretrizes dadas pelos Sumos Pontífices à raiz do concílio de Trento como com os desejos intimamente e de muito tempo sentidos na Ordem mesma".


A idéia reformista, propriamente dita, não pertencia ao núcleo essencial da intuição nem de Santa Teresa nem de São João da Cruz. Ela somente se introduz em sua obra por intromissão do rei Filipe II que quis impor aos carmelitas sua própria reforma, instrumentalizando, para isso, a descalcez. Mas, visto por um ângulo mais largo, Santa Teresa é reformadora no sentido de ter colaborado para apontar à Igreja um caminho de fidelidade à sua própria missão. É assim, como reformadora, que a Igreja a vê. No âmbito minúsculo do Carmelo, ainda que tenha iniciado um movimento inicialmente com caráter renovador, Teresa passa a ser, mais que tudo, fundadora.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fundações: Capítulos 6-8


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LIVRO DAS FUNDAÇÕES – I

Ficha IV

Fundações: Capítulos 6-8
“Praza ao Senhor dar-nos luz para entendermos coisas tão importantes e não nos falte com o seu favor para que, das mercês que nos faz, não tiremos ocasião de Lhe dar desgosto” (F 6,23).

Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
Perguntas ao texto: - Que diz Teresa?
Capítulo 6: Embevecimento ao comungar.
1. – O que é o embevecimento e em que consiste?
2. – Qual a diferença entre embevecimento e oração de união e êxtase?
3. - Quais os casos de embevecimento que Teresa expõe e como os resolve?
4. – Que conselhos Teresa nos dá para ajudar a libertar do embevecimento?

Capítulo 7: Melancolia e conselhos às prioresas.
1. - Quais as razões que levam Teresa a falar deste mal? (F7,10)?
2. – O que é a melancolia e em que consiste?
3. – Quais os conselhos para remediar a melancolia?
4. – Que diz Teresa da piedade indiscreta?

Capítulo 8: Revelações e visões.
1. – Quais as formas inadequadas de acolher as visões e locuções?
2. – Quais as formas adequadas de acolher as visões e locuções?
3. – Como discernir a autenticidade de uma experiência sobrenatural?

Perguntas de meditação. - Que me diz o texto? Escolher um tema ou dois para a reflexão.

Temas de meditação. – Que nos diz a nós, hoje:
O embevecimento. – Reconhecemos a que a nossa natureza tem necessidades como o gozo sensível, o ser bem vistos, etc., que nos podem escravizar? – Quais os conselhos de Teresa que mais te tocaram em relação ao embevecimento?
A melancolia. – Na tua experiência, qual a enfermidade que te parece ser uma provocação à conservação do afecto fraterno? - A melancolia, segundo a descreve Teresa, a que desordem psicológica equivale? - Qual o remédio teresiano para tratar a melancolia, que mais te chamou a atenção e porquê? - O que é que mais custa para se livrar da piedade que Teresa menciona?
Revelações e visões. – Conheces casos de visionários (as) falsos? - Qual das formas adequadas de acolher os dons que mais te chamou a atenção?- Será que estas formas valem para o modo de acolhermos os dons das pessoas? – Poderias imaginar os traços de uma pessoa que acolhe adequadamente os dons de Deus e dos outros?

Celebração. - O que é que o texto me leva a dizer a Deus?
Formula a tua própria oração de petição, quer de libertação de “embevecimentos” quer de melancolias; ou de luz para acolheres os dons de Deus e partilhá-los.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Livro Fundações


A Editora Loyolla acaba de lançar livro “As Fundações – Leitura orante e missionária”. Autor: SCIADINI, Patrício



Um livro para ler com amor e entusiasmo, pois somos envolvidos nas aventuras teresianas, repletas de esperança, humor e espírito missionário. Hoje precisamos recriar uma evangelização que una a presença, a oração e a palavra. Neste livro de Teresa de Ávila, sentimos o sopro do Pentecostes, que continua a suscitar carismas novos a serviço de Deus e do povo.
(Vr.R$30,00,adquira-o através do Frei Antonio Perin: email. ajperim@gmail.com)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Humanismo teresiano – Homilia do P. Jeremias na Solenidade de Santa Teresa


Pelo seu modo de ser e de viver sempre se falou do humanismo teresiano. Tem-se apresentado Teresa de Jesus como uma mulher muito humano e respeitadora da dignidade humana e muito suave nas questões de penitências, das mortificações, mas o que não se tem feito é unir este humanismo Teresiano a uma corrente de pensamento que já estava muito espalhada na sua época… Ouçamos com atenção estas palavras que o P. Jeremias Vechina, Carmelita Descalço, proferiu na homilia da Solenidade de Santa Teresa.


Audio:

clique no link abaixo para ouvir a palestra na íntegra!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

TERESA DE JESÚS - fundações

Fundações: Capítulos 4-5

Fundações: Capítulos 4-5
I

Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
Perguntas ao texto: - Que nos diz Teresa?

Capítulo 4. Avisos de mercês que o Senhor faz e como acolhê-las com proveito.
1. – Quais são os dons que o Senhor oferece às irmãs? (F 4,5-8).
2. – Como são as mercês que o Senhor faz? (F 4,2)
3. – Porque é necessário, para Teresa, reflectir sobre as mercês que Deus dá? (F 4,5.6).
4. – Como se podem acolher os dons de Deus de modo inadequado? (F 4,2.4) e como se acolhem com proveito? (F 4,1.4.5)?

C.5: Harmonia entre vida de oração e serviço.
1. – Onde se encontra a substância da perfeita oração (F 5,2) e como se adquire (F 5,3)?
2. – Um dos frutos do aproveitamento da vida de oração e serviço é a verdadeira liberdade de espírito. Como a descreve Teresa em F 5,7?
3. – Como harmonizar oração e obras (F 5,5) e qual a sua chave de integração (F 5,16)?
4. – De que obras fala Teresa como susceptíveis de prevalecer sobre a oração (F 5,3) e que vantagens oferecem a esta (F 5,9)?
5. – Como recomenda viver a obediência de modo a ser-nos proveitosa, em F 5,17?
6. – Quais os enganos que impedem a harmonia entre oração e obras em F 5,6.1316?
7. – Contra que preconceito Teresa afirma: «até mesmo na cozinha, etc…» (F 5,8)?
8. – É verdade que, segundo Teresa, é-nos mais proveitoso passar longo tempo em oração do que o serviço bem realizado (F 5,17): sim / não, porquê?

Perguntas para meditação. Que me diz o texto? Escolher um tema ou dois para a reflexão:

Actualidade dos dons de Deus. – Podes evocar como são as experiências actuais autênticas, próprias ou alheias, de dons extraordinários, como visões, locuções ou oração contemplativa? Reconheço-me como pessoa a quem Deus poderia oferecer tais dons?

Ser alicerce da comunidade dos crentes. Todos conhecemos pessoas que foram alicerce da nossa vida cristã. – Podes mencionar experiências, atitudes, palavras de pessoas cristãs que te fizeram sentir alicerçado nalguma verdade cristã?
- O que é que eu teria de ser ou fazer para me tornar alicerce da comunidade eclesial?

Os dons, sementes em crescimento. – Podes recordar casos de pessoas, na tua vida ou na Bíblia, que souberam acolher e corresponder de modo adequado aos dons de Deus?
II

Discernimento de experiências. - Que sinais tens para saber se uma pessoa que te narra uma experiência de locução, visão ou contemplação é produzida por ela própria?
A oração perfeita. – Como poderíamos alimentar a oração perfeita: oração-obras-liberdade?
Harmonia entre oração e serviço. – Que luzes me deu Teresa para harmonizar a minha vida de oração e serviço?
O serviço em função da oração. – Como viver o trabalho de maneira que não me distraia mas alimente a minha vida de oração?
Os enganos a respeito da oração e serviço. – Quais são actualmente os conceitos errados que dificultam a harmonia entre a vida de oração e o serviço?

Celebração: O que é que o texto me faz dizer a Deus?

Oração teresiana face ao temor a estarmos enganados perante experiências sobrenaturais falsas:
«Se vemos, Senhor meu, que nos livrais muitas vezes dos perigos em que nos metemos, ainda mesmo para nos pormos contra Vós, como não acreditar que haveis de livrar-nos quando não pretendemos mais do que contentar-Vos e regalar-Vos?» (F 4,4)

Oração teresiana para pedir uma adequada disposição para receber os dons de Deus:
«Valha-me Deus! Que desculpas tão rebuscadas e que enganos tão manifestos! Quanto me pesa, meu Deus, de ser tão ruim e tão pouco capaz de Vos servir! Bem sei que é minha culpa se me não fazeis os mesmos favores que aos meus antepassados. Deploro a minha vida, Senhor, quando a confronto com a deles, e não o posso dizer sem lágrimas. Vejo que tenho perdido os seus trabalhos e que, de modo algum, me posso queixar de Vós!» (F 4,7).

Oração para pedir o dom da harmonia entre a nossa vida activa e contemplativa:
«Oh! Senhor, que diferentes são os vossos caminhos das nossas grosseiras imaginações! E como, de uma alma já determinada a amar-Vos e abandonada nas Vossas mãos, não quereis outra coisa que obedeça e se informe bem do que é mais serviço Vosso e isso deseje! Não precisa de procurar os caminhos nem de escolhê-los, pois já a sua vontade é Vossa. Vós, Senhor meu, tomais esse cuidado de guiá-la por onde mais lhe aproveite. E, ainda que o prelado não cuide do nosso aproveitamento espiritual, mas que trate mais das conveniências da comunidade, Vós, meu Deus, disso cuidais e ides dispondo a alma e as ocupações de maneira que, sem entender como, nos achamos com tanto espírito e tão grande aproveitamento, que nos deixa depois espantadas» (F 5,6).

Oração teresiana de consolação para o orante ocupado no serviço:
«Ó Senhor meu, que força tem sobre Vós um suspiro de dor saído das entranhas por vermos que, não só estamos neste desterro, mas que nem sequer nos dão tempo para estar a sós gozando da Vossa presença!» (F 5,16).

Formula a tua própria oração para pedires a Deus que te ajude a converter em vida a maior compreensão que te deu a leitura destes capítulos.