segunda-feira, 1 de agosto de 2011

FICHA DE LEITURA 40 E 41

Caminho 40-41: “procurando andar sempre em amor e temor de Deus,
iremos seguras entre tantas tentações
Pistas de leitura.


Essas tentações do título não são só as que vêm descritas nos capítulos precedentes (cf. 40,4; 41,2), mas também as já aludidas muito antes: “mil temores falsos” inventados pelo demónio (por ex. 23,4) e os que fará com que outros os metam (por ex., 21,2) [40,5)]. Além disso, pelo que se depreende das afirmações do Concílio de Trento (Sessão VI, cânone 16), não se pode saber de maneira certa e determinada se se tem amor de Deus (40,2). Então, será possível discernir a presença destas virtudes: amor e temor de Deus? Como cuidá-las? Serão contraditórias ou com-plementares estas virtudes? Que achas que mais preocupa a Santa aqui: os excessos de relaxa-ção ou antes os de rigor e pusilanimidade?
Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. Apesar das dificuldades acima enumeradas, Teresa é decisiva à hora de esclarecer a nossa primeira interrogação: ”há uns sinais que parece que até os cegos os vêem” (40,3.6-7; 41,1-4). Reflecte, revê, agradece, suplica…
2. À hora de tratar destas virtudes, parece que se remete ao que já foi dito: a importância constan-temente assinalada da humildade e, além disso, os conselhos dados, por exemplo em 39,5. Estás de acordo ou reparaste nalguma outra novidade?
3. Acerca de la 3ª cuestión de ‘las pistas’, el texto teresiano es muy claro desde el principio (40,1-2). Pero para facilitar el asunto, valga la siguiente cita:
3. Sobre a 3ª questão das ‘pistas’, o texto teresiano é muito claro desde o princípio (40,1-2). Para facilitar o assunto, valha a seguinte citação:
Recordemos, finalmente, que ‘amor’ e ‘temor’ são duas virtudes finais do “Caminho”, não só do livro mas do itinerário de oração e de todo o caminhante cristão. O trato com Deus e a prá-tica das outras virtudes cristãs dão como resultado essa dupla expressão do ‘sentido de Deus’: amá-l’O a Ele, mas temendo, ao mesmo tempo, a própria fragilidade. Amá-lo e temer perdê-l’O (…). Sublinhemo-lo: na sua experiência pessoal, a lei de proporcionalidades no crescimento de amor e temor não é inversa: a mais amor de Deus, menos temor; mas ao con-trário: a mais amor, mais de afina e se torna mais puro o temor d’Ele (…) que, na sua dimen-são teologal, não se exprime exactamente como o amor: amamos Deus, mas propriamente não tememos Deus; tememos ofendê-l’O, perdê-lO, ficar sem o seu amor (cf. 1Jo 4,17-18)1.
4. Para a Santa, o temor de Deus supõe indubitavelmente uma séria chamada à vigilância (41,1-4) e bem exigente: “que em coisas deste teor [pecado de advertência] possa haver pouco, a mim não me parece, por leve que seja a culpa, senão muito e muitíssimo” (41,3b-4a). Isso sim, chamada também muito fina, compreensiva, psicológica e espiritualmente: “isto com advertência, que de
1 “T. ÁLVAREZ, Paso a paso. Leyendo a Teresa con su Camino de Perfección, pp. 287.288.290.
outra sorte, quem estará sem fazer muitos [pecados veniais]? (41,3a); “…ainda que depois caia alguma vez, porque somos fracos e não há que fiar de nós” (41,4b); “não se desanime, que talvez o permita para que se conheça melhor, mas procure logo pedir perdão” (CT). Pensa, revê…
5. No entanto, não aparecem aqui nada matizadas as alusões ao inferno, à penitência e ao purga-tório (40,9-10). Fê-lo, sim, respectivamente – e repare-se bem – em: a) Ficha Vida 32-34, pergun-tas 1-2; b) CV 15,3; 19,9; 39,3; c) Ficha Vida 20-21,pergunta 5.
6. Em relação à última interrogação das ‘pistas’, e apesar de textos como 41,9 (conclusão!) e 40,9-10, parece óbvio que a principal preocupação teresiana é a liberdade de espírito das suas filhas e a sua “afabilidade apostólica” (cf. 40,5-8 e 41,4-8). – Concordas? Quais os dois ou três textos que escolherias como mais determinantes?
7. Os bens que derivam dessa afabilidade afectam ao próprio orante, e, além disso, melhorarão os ambientes e conversações em que estiver (41,4 fim e 5 início). Pensa, revê, ora…
8. Pelo contrário, os danos de não se ser afáveis, mas encolhidos e apertados, não se limitam ao ficar-se “inabilitada para si e para os outros” (41,5), que já é gravíssimo; mas costuma induzir a juízos temerários (41,6)2: cf. Ficha Caminho 1-3, pergunta 4 c). Além disso, esta atitude também complica a função da priora ou da pessoa a quem compete o serviço de liderar e a animação comunitária (Fundações 18,6-7).
9. No caso de não se ter feito a propósito a pergunta 6, e para acabar no mesmo tom que predo-mina nestes capítulos, repare-se nos textos: “Praza a sua Majestade nos dê o Seu [amor] antes de nos tirar desta vida, porque será grande coisa, à hora da morte…” (40,8) e “Assim, pois, filhas minhas, procurai entender de Deus, em verdade, que Ele não olha a tantas minúcias como pen-sais…” (41,8).
2 “O olhar de Deus nunca é inquisidor nem diminui o homem. Está mais além dos nossos insignificantes acidentes da vida quotidiana, e relativiza as nossas pequenas e inevitáveis incoerências diárias, dilatando assim a nossa alma e o nosso ânimo. Convidando-nos sempre a olhar mais longe, a viver desde um opti-mismo transcendente, e isso apesar das nossas humanas infidelidades e ninharias. Trata-se de ir mais além dos nossos preconceitos ou etiquetas. E aprender a viver a vida sem necessidade de condenar ninguém: nem o progressista se sou conservador, nem vice-versa; nem o da direita se sou da esquerda, nem vice-versa… As pessoas são sempre mais importantes do que as ideias”: J. A. MARCOS, Un viaje a la plenitud. El ‘Camino de Perfección’ de Teresa de Jesús, EDE. Madrid 2010, pág.

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