quarta-feira, 20 de março de 2013

Terceiras Moradas: Primeiro capítulo

                                  


Terceiras Moradas: Primeiro capítulo
Quantas figuras bíblicas encontramos nestas moradas! O protagonista do salmo 111, David, Salomão, o apóstolo São Tomé, a Virgem Maria e…o paradigma do habitante das Terceiras Moradas: o jovem rico (Mt 19, 16-22).
O modelo destas 3M não pode ser senão este “mancebo do Evangelho”, porque estas são as moradas dos bons e “muitíssimo bons”, mas - sempre há um “mas”- que não são capazes de ir mais além das suas obrazitas (3M 1,6), que tudo têm pesado, medido, equilibrado, arranjado…concertado, como diria Teresa.

São pessoas estupendas, “que tudo têm cumprido desde a juventude”, de comunhão diária, de grupo paroquial, catequistas e até consagrados, daqueles em quem Jesus Se compraz e olha com carinho. Mas, quando escutam aquilo de “vende o que tens… e depois vem e segue-Me”, voltam as costas com tristeza. “Não, não está ainda o amor para pôr de parte a razão” (3M 2,7).
- Seremos nós por ventura um destes?


Pistas de leitura

1 – Olhai muito, filhas, para algumas coisas que aqui vão apontadas, ainda que atabalhoadas (cf. 3M 1,9). Capítulo 1 das 3M:
§ Teresa felicita-nos: se chegámos a estas formosas moradas somos Bem-aventurados, vencemos os combates e a com a nossa perseverança aqui estamos: “se não volta atrás leva caminho seguro na sua salvação” (3M 1,1). Não é possível um começo melhor, embora em breve nos mostre o exemplo de David e Salomão, e nos avise da falta de segurança em que nos encontramos. Nestas moradas ainda há mais perigo do que nas primeiras, porque aqui já nos julgamos alguém, somos gente dela, nas nossas atitudes, que até parece que nos é devido e não nos pagam” (3M 1-5).
§ As bem-aventuranças teresianas (3M 1,2). Temos aqui uma oração que convém rezar com Teresa.
§ Teresa recorda (3M 1, 3-4). Diz o P. Tomás Álvarez que Teresa de Jesus evoca aqui a sua própria história, a lembrança agridoce da sua passagem pelas 3M por volta dos seus trinta anos, que durou longo tempo e que descreve com dramatismo em V 8, 11-12. É estimulante para nós que, nesta experiência da própria fragilidade, nos acompanhe a experiência de Teresa.
§ Teresa oferece-nos um espelho (3M 1,5-6). Parece que há muitos orantes que chegam a esta morada, mas não tantos que passem adiante… Temos aqui um retrato-robô daqueles que muito desejosos de não ofender a Deus, se guardam de todo o pecado até mesmo venial. Amigos de penitência. Com suas horas de recolhimento. Gastam bem o tempo. Exercitam-se em obras de caridade com os próximos. Muito concertados no falar e no vestir e no governo de casa.
É uma linda disposição, nos dirá Teresa, mas há uma falta de generosidade, como a do jovem rico, um apego excessivo á própria vontade e às próprias ideias. Em resumo: é a adolescência espiritual.
§ Um remédio muito teresiano (3M 1,7): Ó humildade, humildade! O problema é a falta dela; falha o conhecimento próprio. Prove-nos o Senhor, pois bem o sabe fazer! O amor tem de ser provado com obras, assevera Teresa de Jesus: Deus olha à determinação da nossa vontade!
Provai-nos Vós, Senhor, que sabeis as verdades, para que nos conheçamos!

Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. Que te sugeriu o texto? Reconheces-te, de alguma maneira, nestas pessoas descritas?
2. Diz Teresa de Jesus que este é um estado para desejar… Para passar mais adiante talvez tenhamos que deixar Deus, e os outros, romperem os nossos esquemas e seguranças. Medita e partilha Caminho de Perfeição 32,8 neste contexto.
3. Ora com Teresa: - Que podemos fazer por um Deus tão generoso… (3M 1,8)?
4. Embora não seja com a obra, podemos oferecer ao Senhor a vida com a determinação da vontade. Podes orar com a poesia: “Vossa sou, para Vós nasci”. 

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