
Para entrar nas segundas Moradas, Teresa adverte-nos de que teremos de
perseverar na luta, e distingue entre as almas que já começaram a ter oração e
compreendem quanto importa continuar para a frente, e as que não se dão conta
do perigo em que estão, sempre distraídas no exterior, sem ouvirem o chamamento
do Senhor.
Pistas de leitura
Teresa começa por nos dizer “quais serão as almas que entram nas segundas
moradas e o que fazem nelas” (2M 1):
Começaram a ter oração e sabem quanto importa continuar para a frente.
Compreendem que têm de deixar as ocasiões.
Ouvem os chamamentos que lhes faz o Senhor através de pessoas boas, livros,
sermões, doenças, etc.
- A estima que nos têm no mundo. Os parentes e amigos.
- A saúde nas coisas de penitência.
Para continuarmos para as segundas Moradas vão-nos ajudar:
A razão que nos “representa o engano que é pensar que tudo isto vale alguma coisa em comparação do que pretendemos” (2M 4)
A fé que nos ensina o que nos cumpre fazer (Ibid.).
A memória que nos recorda em que vai parar tudo isso (Ibid.).
A vontade que nos inclina a amar Jesus, o bom Amador (Ibid).
E o entendimento que nos diz que não podemos ter melhor amigo que o Senhor (Ibid.).
Para isso, são-nos pedidas umas atitudes fundamentais como:
A esperança: “não vos desconsoleis, ainda mesmo que não respondais logo ao
Senhor. Bem sabe Sua Majestade aguardar muitos dias e anos” (2M 2)
A perseverança: “Ah! Senhor meu! Aqui é mister a vossa ajuda, pois, sem ela,
não se pode fazer nada. Por vossa misericórdia não permitais que esta alma seja
enganada para deixar o que começou” (2M 6)
Desde o princípio, não pretender regalos na oração, mas aceitar a secura
abraçando-nos à cruz de Jesus. Se o Senhor nos der algum gosto, agradecê-lo.
Nesta luta, iremos descobrindo o grande mal que nos faz andar derramados no
exterior, sem podermos sossegar no nosso interior e procurando fora a paz que
não vivemos em nós próprios.
Saberemos também que começar a recolher-nos não se consegue à força de braços,
mas com suavidade e tratando com pessoas experimentadas. Finalmente, Teresa
dir-nos-á que: “pensar que havemos de entrar no Céu e não entrar em nós,
conhecendo-nos e considerando a nossa miséria e o que devemos a Deus e
pedindo-Lhe muitas vezes misericórdia, é desatino” (2M 11).
Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1- Perguntando-nos sinceramente diante do Senhor: - pode mais em nós o seu
chamamento ou estamos demasiado dependentes de contentamentos e opiniões
exteriores?
Certamente saberemos fazer uma lista de tudo aquilo que nos tira liberdade para
penetrarmos cada vez mais no nosso interior.
2- Nas ocasiões em que temos de nos fazer fortes, que é o que mais ajuda a
seguir em frente? A razão, a fé, a vontade, etc…?
3- Oremos com as palavras de Teresa: “não vos desconsoleis, ainda mesmo que não
respondais logo ao Senhor. Bem sabe Sua Majestade aguardar muitos dias e anos”
(2M 3).
4- Façamos memória agradecida pelo amor de Deus que “é muito bom vizinho e tão
grande a sua misericórdia e bondade que, mesmo estando nós em nosso passatempo,
negócios, contentamentos e bagatelas do mundo, e até caindo e levantando-nos em
pecados… com tudo isto, tem em tanto este Senhor nosso que O amemos e
procuremos sua companhia, que, uma vez ou outra, não deixa de nos chamar para
que nos acerquemos a Ele…” (2M 2)
5- Finalmente, contemplemos Jesus acompanhados com o seguinte texto: “O mesmo
Senhor nos diz: «Ninguém subirá a meu Pai, senão por Mim… e quem Me vê a Mim vê
a meu Pai». Pois se nunca olhamos para Ele, nem considerarmos o que Lhe devemos
e a morte que sofreu por nós, não sei como O podemos conhecer nem fazer obras
em seu serviço. Porque a fé, sem elas, e sem irem unidas ao valor dos merecimentos
de Jesus Cristo, nosso Bem, que valor pode ter? E quem nos despertará a amar
este Senhor?” (2M 11).
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