quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Fundações: Capítulo 32 -Pistas de leitura



Pistas de leitura


Embora a santa escreva isto quase nas vésperas da sua morte, os acontecimentos que relata já tinham sucedido havia mais de cinco anos, no verão de 1577, tendo em conta a tempestade que pairava sobre os seus descalços (cf. 28,3). Embora anteriores às fundações narradas nos últimos quatro capítulos, o seu lugar é este, como epílogo, tanto por razões metodológicas – porque não se narra evidentemente nenhuma fundação – como sobretudo teológicas, visto que supõe a união não só espiritual, que já existia, mas também jurídica, da primeira fundação com todas as restantes.
Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. Começa por aludir às razões humanas e divinas que teve para fazer a primeira fundação sob a obediência do bispo (cf. Vida 32,15; 33,16; 36,1-2) e não da Ordem, como as outras (cf. F 2,1-3). A coisa resultou bem, porque lhes deu independência e tranquilidade em certas diferenças com a Ordem. Além disso, o bispo nunca permitiu que um clérigo fizesse visita e funções de superior. Pelo contrário, não se «fazia naquele mosteiro mais do que aquilo que eu lhe suplicava», destaca Teresa (32,2). Não pode tratar-se evidentemente de desejo de protagonismo da santa, mas de garantir o que indicou em 18,6-13. - Estás de acordo com esta relação de textos? - Compartilhas e cultivas a fidelidade ao núcleo normativo do carisma, do estilo, por cima de outras particularidades, por muito geniais, devotas ou autorizadas que sejam? …- Vive-se isto no teu ambiente ou depende-se demasiado da última originalidade do responsável ou do mais influente do grupo?

2. Apesar do dito anteriormente (grandes razões humanas e divinas, cuja necessidade e bondade foram confirmadas durante 15 anos!), as circunstâncias mudam (32,3a; 28,3) e o próprio Deus a incita a libertar-se desta obediência peculiar e a dá-la à Ordem (32,3). – Não achas estranho que, segundo o que ela própria escreve, duvidasse porque lhe parecia que o Senhor se contradizia? Em contraste com isto, muito lúcido o conselho e o argumento do confessor, não é verdade? No entanto, poderá servir de regra de discernimento geral?

3. Embora o relate brevemente (32,4-5), fica claro que não foi fácil convencer o bispo e as próprias monjas da necessidade da mudança de obediência. Reparar na importância, para isso, do diálogo, as razões, o amor sincero pelo outro… Reflectir sobre si e orar. Ter também presente, uma vez mais (cf. 31.44), a humildade do bispo D. Álvaro de Mendoza, a sua disponibilidade para escutar e ser ensinado por “inferiores”.

4. Uma vez mais, teve de fazer não poucos esforços, mas «Bendito seja o Senhor que, com tanto cuidado, olha pelo que toca às Suas servas! Seja para sempre bendito! Amen». Não há melhor conclusão que esta: bênção, consciência de gratidão, experiência de como a graça trabalha connosco (1 Co 15,10) … Reflectir e evocar certezas como esta, agradecê-las, interceder pelos que mais precisam e não podem crê-lo por agora…
Propostas conclusivas:
Tal como no curso passado, convidamos a usar a nossa página na internet (www.paravosnasci.com) para partilharmos ideias ou actividades que tenhais feito. De novo, em espanhol, contamos, desde há meses com um exemplo estupendo: uma selecção de textos das Fundações pelas CARMELITAS DESCALÇAS DE PUÇOL e publicadas por EDE. Já demos notícia no momento da sua publicação, mas, à continuação, detalhamos o esquema interessante que deram à obra, caso sirva de inspiração às vossas sínteses ou trabalhos, após a leitura teresiana realizada.

CARMELITAS DESCALZAS DE PUÇOL, Comenzando siempre. Páginas escogidas del libro de las Fundaciones, Editorial de Espiritualidad, Madrid 2011, 219 pp., 21 x 13 cm.
Todas as virtudes das suas selecções anteriores de textos teresianos (Vida e Caminho) se mantêm e, além disso, aumentam. Por um lado, na Parte I e Introdução à obra, que é um tanto mais extensa e, sobretudo, rica em referências bibliográficas e conteúdos, ao mesmo tempo que conserva a linguagem leve e acessível. Por outro lado, na Parte II, a antologia de textos que, à diferença das anteriores, não segue a estrutura do escrito teresiano, mas o ordena da seguinte maneira: 


1) O arquitecto: Deus
1. Um Deus que Se envolve
2. Um Deus que Se comunica
2) Os alicerces: a autêntica liberdade
1. A obediência
2. A pobreza
3. A verdadeira honra
3) Como cobertura, o horizonte: o carisma teresiano
1. Os grandes ideais
2. Construir o carisma
4) Os desníveis do terreno: as dificuldades
1. Sem recursos
2. Uma sociedade interessada
3. No alvo
4. Daqui para ali
5. Doença e trabalhos interiores
5) Os planos: a estratégia
1. Localização e regime económico
2. O procedimento
3. Dinheiro, negociações e pleitos
6) Parede-mestra: o amor
1. Amor a Deus
2. Amor ao irmão
7) O lar: a oração
1. A oração é amor
2. A oração é luz
8) A horta: o estilo teresiano
1. Abnegação evangélica
2. A ascese das virtudes
3. Educando com amor
9) Parede com parede: os Carmelitas Descalços
1. As fundações de frades
2. Dois sustentáculos humanos [João da Cruz e Jerónimo Graciano]
3. Uma mulher fundadora de frades
10) A galeria: rostos de mulher
1. Catarina Godínez
2. Teresa Laiz.
3. Cassilda de Padilla
4. Beatriz da Encarnação
5. Catarina de Cardona
6. Beatriz da Madre de Deus
7. Ana da Madre de Deus

Nenhum comentário:

Postar um comentário