Sobre a fundação de São José em Medina del Campo possuímos dois relatos directos e complementares: o de Teresa, nas Fundações, c.3, e o do seu colaborador Julião de Ávila
Pistas de leitura
Estamos no verão de 1567, data da primeira saída de Teresa como fundadora. Esta viagem de Ávila a Medina marca um novo rumo e um novo estilo de vida.
É aqui, em Medina, onde nasce a ideia de completar a sua obra de fundadora com o ramo dos Descalços, e onde ganha para a obra o primeiro grande seguidor, são João da Cruz: «Pouco depois, aconteceu vir por aqui um padre…» (3, 17)
Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. Vemos que Teresa começa no meio de muitas dificuldades, mas com grande ajuda: «resolvi valer-me do auxílio dos Padres da Companhia…» (3, 1); «O capelão do mosteiro onde eu estava… homem de Deus e de oração… meu grande auxiliar…» (3, 2); «Ao sair de Ávila escrevi a um padre da nossa Ordem…» (3, 3); «Ao chegarmos à pousada, soube que estava no lugar um frade…» (3, 5); «Oito dias depois, vendo um mercador a nossa necessidade…», «e uma senhora que morava ao lado da casa…», «outras pessoas nos davam muito…» (3, 14).
- Recordamos todas as pessoas que tornaram e tornam possíveis os nossos projectos pessoais e comuniários?
A fundação de Medina começa com bem pouca coisa: «Uma vez alcançada a licença, não tinha casa…» (3,2) e «Chegando a casa, entrámos…» (3, 8-9). Teresa não se acobarda perante a pobreza de meios: «Oh! Valha-me Deus! Quando Vós, Senhor, quereis dar ânimo…» (3, 4) consciente de que é o Senhor quem dispõe de tudo. Mas notamos uma mudança de atitude quando as dificuldades e murmurações começam a crescer: «Até aqui, estava eu contentíssima…» (3, 10-11).
Fixemo-nos que diz: «Só tinha presente a minha baixeza e limitado poder»
- Parece-nos normal este contraste de sentimentos?
- Se temos experiência disso, como o encaramos?
2. Já desde o princípio das suas fundações vemos a entranhável solicitude pelas suas irmãs: «E ainda se estivesse só!» (3, 11); «com toda esta fadiga» (3, 12). Teresa sofre quando vê como as suas decisões afectam as irmãs, demonstrando assim um grande amor, que tem sempre em conta os outros.
- Como procuramos aliviar as dificuldades dos que nos rodeiam?
3. Muito importante é o episódio eucarístico, que lhe causa grande sofrimento : «Quando vi Sua Majestade posto assim na rua, em tempo tão perigoso…» (3, 10). Ela tinha a convicção de que a nova casa religiosa só ficava fundada quando se celebrava nela a primeira missa e o Santíssimo Sacramento ficava instalado na capela .
– Quais são as nossas convicções a este respeito?
- Podemos orar perante a comovedora reflexão de Teresa no meio deste contexto: «até lhes fazia devoção ver Nosso Senhor outra vez num portal. E Sua Majestade, como quem não se cansa de Se humilhar por nós, parecia não querer sair de lá» (3, 13)
4. Vai terminando o relato tratando da fundação para os frades e o encontro com frei João da Cruz (3, 16-17). Surpreende a rapidez com que se desenrola um sucesso que será de vital importância para a vocação de João e tão providencial para o Carmelo Teresiano e a Igreja toda. Teresa descobre em João a encarnação das suas ideias, e João descobre-se a si mesmo, descobre a sua vocação e uma mulher que vai proporcionar as possibilidades reais aos seus sonhos e desejos .
- Como avaliamos o encontro de Teresa e João?
- Temos experiência de encontros tão decisivos na nossa vida?
5. Termina o relato agradecida pelo crédito que as monjas iam ganhando entre o povo (3, 18) e é vital a razão que dá desse facto: «cada uma só cuidava de como servir sempre mais a Nosso Senhor», e a experiência que Deus nos comunica de «que mais não espera senão ser amado para amar».
Permaneçamos na contemplação desta cena final, pedindo ao Senhor que nos faça participantes dela.