terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Fundações: Prólogo e capítulos 1-2 *Pistas de leitura


ImageVamos descobrir ao longo do “Livro das Fundações” como Teresa é fundadora do ponto de vista histórico, com a erecção de novos Carmelos e também do ponto de vista teológico: Teresa está dotada de um carisma especial que lhe confere uma missão dentro da Igreja; não funda por iniciativa própria, Teresa é uma enviada (V 32, 10-12)1

Pistas de leitura

Encontramo-nos em Salamanca, onze anos depois da fundação de São José; o
mestre Ripalda, tendo visto o relato da primeira fundação (V 32-36), pede-lhe que
escreva o das fundações seguintes (F Prólogo 2)
Parecendo-lhe a ela impossível semelhante tarefa diz-lhe o Senhor: “Filha, a obediência dá força” (Prólogo 2)
Assim, começa a escrever com uma motivação bem clara: “para que nosso Senhor seja
louvado” (Prólogo 3)

Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…

1. Teresa está consciente do alcance de uma vida entregada por completo a Deus: muitas vezes me parecia que era para algum grande fim as riquezas que o Senhor punha nelas; ao mesmo tempo vão crescendo nela os grandes desejos: dado que meus desejos… (1,6)
Estamos conscientes que nossa vida em Deus abarca muito além da nossa vida pessoal?
Desejamos que assim seja?
Oremos com Romanos 14, 7-9 “Nenhum de nós vive para si mesmo e nenhum morre para si mesmo. 8Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; e se morremos, é para o Senhor que morremos. Ou seja, quer vivamos quer morramos, é ao Senhor que pertencemos. 9Pois foi para isto que Cristo morreu e voltou à vida: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos”.

2. O encontro com frei Alonso Maldonado faz crescer nela a vocação missionária:
Clamava a nosso Senhor, suplicando-lhe que me desse meios de ganhar uma só alma… (1,7)
Estamos atentos à realidade do sofrimento do nosso mundo? Como oramos perante essa realidade?
Teresa ouve do Senhor: Espera um pouco filha, e verás grandes coisas (1,8)
Sentimo-nos animados pelo Senhor?

3. É no meio das dificuldades que Teresa faz experiência da providência de
Dios; não sabe como pode ser que se cumpram as palavras do Senhor quando ao fim de
algum tempo sucede o seguinte (1,8): Chega o padre geral a Ávila e Teresa diz: “Mas
como quando Deus quer não há impossíveis…” (2,1) e quando lhe pede licença para fundar os frades escreve: “Mas vendo feita a parte principal, tive esperança de que o Senhor faria o resto.” (2,5)
Com esta convicção e muito animada continua: “O ânimo não desfalecia…” (2,6)
Recordemos a acção de Deus nas nossas dificuldades, renovando a
confiança n’Ele e oremos com Teresa: “¡Oh grandeza de Deus!…” (1,7)

4. É precioso ver já no inicio do capítulo 1º o espírito evangélico que se vive na
comunidade: “em nada mais pensavam senão em servir e louvar a nosso Senhor… apoiado no amor de Deus e numa grande confiança n’Ele: “… até que Deus mandava o bastante para todas.” (1, 2)
Vemos o amor pela pobreza –um dos pilares do estilo teresiano- e os frutos da mesma: desprendimento, caridade, abandono em Deus, contentamento.
Parece-nos excessiva para os nossos dias?
Que valor teológico damos à pobreza? Já alguma vez a experimentamos?

5. Outro pilar do espírito teresiano é o amor pela solidão: “a sua consolação era a sua
solidão…” (1, 6) onde se nutre a vida de oração expressa no amor às irmãs e o sentido apostólico da mesma.
É a configuração com Cristo a sós com ele segundo o espírito evangélico que Teresa
quer para as suas comunidades e que dá como exemplo para os que queiram seguir o
ideal vivido em São José.
É a nossa solidão encontro com Jesus?
Experimentamo-la realmente como fonte de vida?
Dedicamos-lhe tempo e espaço ou as ocupações absorvem-nos?
Que dificuldades/medos, nos impedem de viver a solidão?

6. Teresa quer também, nesta nova forma de seguimento de Cristo, ensinar-nos
a obediência; encontramos 36 vezes este termo nas Fundações.
Encontramo-nos sem embargo, com os seguintes exemplos: “Na virtude da
obediência…” (1, 3) e “Ocorria-me encomendar…” (1, 4) que certamente nos
chocarão hoje. Como interpretá-los?2

7. Finalmente, poderíamos sublinhar as frases em que Teresa nos mostra como está
vivendo a sua relação com Deus nestes momentos p. ex. “…mostrando-me muito
amor, como querendo consolar-me…” (1, 8)



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1 100 FICHAS SOBRE TERESA DE JESÚS, Tomás Álvarez, Monte Carmelo 2007, p.74.
Ficha I.- livro DE as FUNDAÇÕES – II

2DICCIONARIO DE SANTA TERESA, Tomás Álvarez, Monte Carmelo, Segunda edición, 2006
p.464; “Certamente a teologia da obediência de Santa T não fica reflectida neste capítulo.
Representa apenas um ponto de partida. Se trata de factos vividos no momento inicial, quando a Santa se
está treinando digamos, no governo e começando além disso um novo estilo de vida. Acontece
numaaltura em que está sob a direcção do P. Baltasar Alvarez, jesuíta……Entrega-lhe um ramalhete
de conselhos espirituais, entre elos, A 25, procedentes dos mestres de noviços da Companhia. Trata-se de avisos pseudo-teresianos, que certamente não reflectem a ascética teresiana…” (cf T. ALVAREZ,
“Semana de Teresianismo”, Burgos 1973, f 115-116).

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