terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ficha de Trabalho: Caminho 12-15

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Caminho 12: Requisitos para ser contemplativas: Humildade II.
Pistas de leitura.
Continua com o desprendimento de si, e passa do tema do corpo ao da honra. Depois de recordar os fundamentos das mortificações que vai propor (12,1-3), centra-se nas mesmas e apresenta-as em escala ascendente: A] evitar os movimentos de maiorias (12,4-9); B] não só evitá-los, mas cultivar os de ‘minorias’ (13,1-4) e C] não só deixar-se culpar, mas aproveitar especialmente os casos em que não tiver culpa (cap. 15).

Como é lógico, em cada alínea expõe argumentos, meios, consequências… que poderemos investigar para aprofundar. Aliás, em tudo isto, aconselha que quem não puder cultivar estes costumes (salvo C): que saia (13,5-7) e/ou que a mandem embora (cap. 14); e assim facilita importantes critérios de discernimento vocacional.


Para reflectir, rever a vida, interceder, agradecer, contemplar…
1. Aparece outra vez (cf. Ficha 2ª, questão 2), a distinção entre mortificação exterior (tão rigorosa no seu convento) e interior (trabalhar, contrariar a vontade) e, por tanto, a possibilidade de ter muito da primeira e nada da segunda (cf. 12,1)1. De facto, a clave não está em “entrar na religião…” (12,5). Que te parece este reconhecimento da chamada universal à contemplação (cf. 19,15)? E a particularidade, nesse mesmo parágrafo, de que para os religiosos resulta mais fácil?

2. O que Teresa descreve como movimentos de “maiorias” (12,4), parece-lhe ser o pior tóxico do mundo (12,7), porque cria bandos (12,8-9), diminui o mérito e causa enfraquecimento pessoal (12,9). Por tanto, vamos rever (cf. 12,4.8-9), orar… [Mais adiante deter-nos-emos na precisão da afirmação do parágrafo 12,5].

3. Ao verdadeiro humilde não se lhe poupa esta tentação, como anota sabiamente (12,4.6), mas sabe combatê-la interior (12,6) e exteriormente (12,7), tal e como esclarece nesses parágrafos. Uma vez mais, revê, ora…

4. Como indicámos nas pistas de leitura, a santa Madre propõe não só evitar os movimentos de maiorias (“de más razões livre-nos Deus! 13,1), mas cultivar os contrários: “quando vos fizerem alguma honra ou mercê ou bom tratamento, venham então essas razões…” (13,2). Sabe que deu um salto qualitativo e por isso as referências às motivações sobrenaturais, à imitação do Senhor e a Nossa Senhora, são constantes (13,1-3). Sem esquecer tão-pouco textos como V 31,15: Exercito essa “verdadeira razão” (CV 13 título)?, alimento essas motivações?... Cf. p. ex. Rm 12; Ef 4,1-6.25-32.

5. As advertências acerca do discernimento vocacional requerem muita atenção. Apesar do grande dano que implica “em dar começo a um mau costume” (13,4) )2, não inclui aí por exemplo “faltas na penitência e jejuns” (CE 19,5); isto é, não se trata de todos os maus costumes, mas dos que concretiza nesses parágrafos (CV 13,5-7; CE 19,5-20,1). E não exagera! (12,5.8): por muito habitual que fosse na sua sociedade e Igreja, “se há ponto de honra ou de fazenda”, não haverá contemplação (12,5). Levas a sério esses critérios e exemplos tão concretos? Levam-se a sério na tua comunidade ou grupo? Pensa, revê, ora…

6. A santa Madre dedica ainda um capítulo mais ao tema, no qual acrescenta alguns critérios a ter em conta: deve examinar-se bem a recta intenção da candidata e, sobre tudo, se possui bom entendimento (14,1-2) )3. Meios: “grande informação e longa provação… [e] liberdade para excluí-las” (14,2); portanto, não ceder a pressões sociais (14,3), económicas (14,4) ou de qualquer outro tipo: tens em mente mais algum? Claro que se devem aplicar aqui as mesmas interrogações que na questão 5.

7. O último exercício de desprendimento próprio, que propõe S. Teresa nesta secção (explícito no título: CV 15), é tão complicado que é preciso dissipar argumentos a seu favor, para ver que te parece cada qual: cristológicos (15,1.2.4-7), antropológicos (15,3), morais-espirituais (15,4.6a), apostólicos e ‘feministas’ (15,6b). E finalmente, práticos: o Senhor defenderá o ofendido e, sobretudo, “se começa a ganhar liberdade e tanto se vos dará que digam mal ou bem” de vós (15,7). Que grande liberdade! Tantos sofrimentos por causa da interpretação de um olhar, de uma palavra, por supostos prejuízos à minha auto-imagem! Não só nos custa deixar que nos culpem sem culpa, mas até costumamos desculpar-nos sem que nos culpem: quando se aponta algo negativo, antes de acabar, tantas vezes se atalha, ‘eu não fui’; pensa, revê, ora… Considerar, também, naturalmente, acerca das experiências positivas, quando acedemos ao convite da santa Madre a deixar-nos culpar.

8. “Estas grandes virtudes, minhas irmãs, gostaria eu que as estudássemos muito e fossem a nossa penitência, que em demasiadas penitências [físicas] já sabeis que vos corto…” (15,3). Embora se trate de uma ideia conhecida e certamente trabalhada (cf. questão 1), o parágrafo completo merece nossa atenção uma vez mais.


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1 Se não se considerou já, aproveitar agora: rever, orar…

2 Trata-se de uma pretensão elitista e/ou negadora da possibilidade de crescimento da pessoa? Além do texto atrás, cf. por exemplo: “Ainda que não seja logo com toda a perfeição” (13,6). “Não digo que seja tão completamente como nas outras, mas que se entenda que vai cobrando saúde, pois logo se vê quando o mal é mortal” (13,7).

3 Que te parece?: “a todas [as monjas que entrarem] toca porventura mais parte num mau costume que pusemos, que em muitas virtudes; porque o demónio não o deixa decair, e as virtudes, a própria fraqueza natural as faz perder” (13,4). Este parágrafo mereceria uma detida reflexão teológica, antropológica, moral… ¿É demasiado pessimista? Trata-se de um recurso enfático?, de uma evidência prática?...

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